As principais razões do comportamento antissocial

A sociabilidade é uma das características mais marcantes do ser humano que, desde o nascimento, é rodeado por outras pessoas, sejam elas familiares ou responsáveis por sua tutela.

À medida que vai crescendo, é natural que a rede de relações interpessoais de uma criança aumente consideravelmente, o que torna o comportamento antissocial, quando presente, uma condição que exige atenção da família e dos educadores.

Neste texto, vamos tratar dos fatores mais importantes que estão associados à antissocialidade.

Além de definirmos e caracterizarmos o comportamento antissocial, abordaremos o seu funcionamento, as principais razões para o seu surgimento, os sinais comumente apresentados e os manejos disponíveis.

Também discorreremos sobre as características mais relevantes, os sintomas e os tratamentos do transtorno da conduta.

Como definir a sociabilidade?

Antes de definir em que consiste o comportamento antissocial, é preciso entender a importância da sociabilidade para o ser humano.

Concebida como uma capacidade da espécie para viver em sociedade, fazendo com que os seus membros busquem assimilar costumes e valores, além de agir conforme as normas estabelecidas, a sociabilidade é fundamental para a organização e o funcionamento dos grupos sociais.

Dessa forma, a sociabilidade desempenha um papel basilar na vida de uma pessoa, já que possibilita que ela interaja com os seus pares, estabeleça relações, crie vínculos e seja capaz de se integrar aos padrões que regulam a sociedade a que pertence.

Essa capacidade está na base do convívio harmônico entre os membros de um grupo social, que pode ser a família, a escola, o trabalho ou a sociedade.

O que é comportamento antissocial?

O comportamento antissocial caracteriza-se por um conjunto de ações frequentes e persistentes em que a pessoa que as desempenha não age de acordo com o que se espera nas situações de interação social.

Trata-se de um padrão comportamental que pode trazer prejuízos psicológicos ou físicos para quem o pratica e, também, para as pessoas ao seu redor.

É possível dividir o comportamento antissocial em dois subtipos com características distintas.

  • no primeiro, há a presença de comportamento antissocial, que tende a ser marcado por desobediência, agressividade e irritação;
  • no segundo, não existe o comportamento pró-social, que, em geral, é caracterizado por ações que envolvem cooperatividade, colaboratividade e comunicatividade.

Ao longo da vida, é natural que a maioria das pessoas exiba alguma forma de comportamento antissocial, dadas as diferentes condições a que cada uma é exposta e as variadas situações pelas quais passa.

No entanto, é preciso considerar o grau de comportamento antissocial apresentado, uma vez que, em níveis muito elevados, pode se tratar de uma condição clínica que demanda cuidados específicos.

Quando de natureza clínica, ou seja, quando a criança apresenta as características e comportamentos descritos anteriormente de maneira mais exacerbada, o comportamento antissocial pode estar associado ao transtorno da conduta.

Esta é uma condição de ordem psiquiátrica que pode afetar significativamente o desempenho escolar de crianças e jovens.

Embora seja uma condição frequente na infância e na adolescência, o transtorno de conduta não abrange todas as situações de antissocialidade, uma vez que elas podem estar relacionadas a fatores diversos.

Quais são os sinais do comportamento antissocial?

Grande parte das crianças exibe alguma forma de comportamento antissocial ao longo do seu processo de desenvolvimento, havendo variações consideráveis tanto no nível de intensidade, quanto em seu modo de manifestação.

Além disso, coexistem os dois tipos já mencionados: a presença de comportamento antissocial e a ausência de comportamento pró-social, configurando perfis bastante heterogêneos.

O comportamento antissocial é marcado por ações de impulsividade, rebeldia, transgressão e, até, agressividade.

Tais comportamentos geram perturbações em alguma ordem vigente ou violem, severamente, as expectativas sociais de um contexto particular, como a escola. É comum, inclusive, o envolvimento em atividades perigosas ou ilegais.

O isolamento é outra característica significativa da antissocialidade. Esse padrão comportamental é caracterizado por baixa autoestima, falta de remorso e sentimento de culpa, desrespeito e insensibilidade aos sentimentos dos outros.

Crianças e jovens que apresentam comportamento antissocial não demonstram sofrimento psíquico, deixando de exibir seus próprios sentimentos, com exceção de hostilidade e raiva.

Já o transtorno da conduta tem como sinais a persistência de determinadas características como: perseguir e intimidar, causar violência física, usar armas que podem causar ferimentos, ser cruel com pessoas, ser cruel com animais, roubar ou assaltar confrontando a vítima, cometer violência sexual, incendiar propositalmente, destruir propriedade alheia, arrombar imóvel ou carro, mentir para obter ganhos, furtar, dormir fora, fugir de casa ou faltar de aula sem motivos.

Além da exclusão de outros possíveis quadros, o diagnóstico do transtorno de conduta leva em conta a persistência de 3 dos 15 sinais, apontados acima, durante os últimos 12 meses e, pelo menos 1 nos seis meses antecedentes.

O diagnóstico, que deve ser realizado por especialistas, é feito em pessoas menores de 18 anos, cujo quadro venha sofrendo limitações em termos acadêmicos, ocupacionais ou sociais.

Quais são as principais razões da antissocialidade?

Assim como os sinais relativos ao comportamento antissocial variam, suas razões também.

A literatura científica na área aponta que esse comportamento geralmente está relacionado a conflitos familiares de diferentes naturezas, como estratégias disciplinares inconsistentes ou com alto grau de severidade, discórdia conjugal, mudanças frequentes do responsável principal ou de habitação e vivência de abuso físico ou mental.

Além disso, é comum que o comportamento antissocial figure como resposta a um estressor particular, como nos casos de morte de um dos familiares ou divórcio, ocorrendo durante um determinado período de tempo.

Privação afetiva, negligência familiar, recepção inadequada de cuidados paternos ou maternos e baixa renda são outros fatores associados a esse padrão comportamental.

Tendo em vista as principais razões do comportamento antissocial, é possível evitar o desenvolvimento desse tipo de condição.

De modo geral, o oferecimento de um ambiente calmo, com a imposição de limites claros e justificados, em que se preserve o diálogo e o equilíbrio e se busque desenvolver a inteligência emocional da criança, contribui significativamente para alcançar esse objetivo.

É possível tratar a antissocialidade?

Caso a antissocialidade não possa ser evitada, por meio do oferecimento de condições que favoreçam o desenvolvimento socioemocional da criança, esse padrão pode ser tratado.

Há diversos métodos a serem utilizados, os quais variam de acordo com a idade da criança ou do jovem e com a complexidade e o nível do comportamento antissocial apresentado.

Em geral, o que está na base do tratamento é a reabilitação social, que pode ser feita por meio de intervenções juntamente à família e à escola, tais como psicoterapia familiar, comunidades terapêuticas e orientação de professores em técnicas comportamentais.

Terapias sistêmicas, que trabalham habilidades interativas entre toda a família ou em grupos de colegas, são bastante eficazes.

Quanto mais jovem é a criança e quando mais cedo ela recebe o tratamento, melhores tendem a ser os resultados obtidos.

Além disso, é importante que as intervenções feitas sobre o comportamento antissocial sejam a longo prazo, concomitantes e complementares umas às outras. dificilmente, uma única técnica aplicada pontualmente será eficaz.

É preciso ter muita ponderação com o diagnóstico e com a forma que encaramos a antissocialidade.

São crianças e jovens que estão testando o ambiente sobre até onde podem ir. Estabelecer limites consistentes, nesses casos, é uma forma de olhar com amor para eles, para que possam desenvolver melhor sua inteligência emocional.

 

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